Joana Oliveira trabalha na área audiovisual desde 1999. É graduada em Direção de Cinema pela EICTV (Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba) e também em Comunicação Social pela PUC- Minas.

Em 2005, estudou na cátedra de direção da Academia “HFF Konrad Wolf”, na Alemanha, como aluna convidada por um semestre. Em 2006, participou do Talent Campus do Festival de Berlim (Berlinale).

Joana trabalha como diretora e roteirista em várias produções, como curtas-metragens de ficção, documentários e programas de TV. Seus curtas já foram exibidos e premiados em vários festivais no Brasil, Alemanha, Cuba, EUA, França, Argentina, México, Chile, Espanha, Itáliae Portugal.

Recentemente, lançou seu primeiro longa-metragem documental “Morada”.

O curta-metragem “Diário do Não Ver” conta a história de Lina, uma mulher que está ficando cega e vê eu mundo em transformação. A diretora aceitou gentilmente o convite para responder algumas perguntas sobre seu trabalho e sobre o processo de mixagem nos estúdios do CTAv.

 

Como surgiu a ideia inicial para a realização do filme?

Eu e minha amiga, Cristina Maure, queríamos dirigir um novo curta juntas, repetindo a experiência do curta documental “Rio de Mulheres”. Porém, dessa vez, queríamos dirigir uma ficção. Havia uma vontade mútua de fazer esse filme em uma só locação e com poucos atores. Como eu sempre tinha tido o desejo de fazer um filme sobre uma personagem que iria perder a visão, propus esse tema para a Cristina que logo entrou tanto na proposta que encontrou, em pesquisas, relatos de pessoas que, ao perderem a visão, começaram também a terem a percepção de seus sonhos alterada. Desse conjunto surgiu o argumento do filme “Diário do Não Ver”.

 

Diário do Não Ver

 

O filme foi, de alguma forma, inspirado na sua própria experiência de vida?

Desde pequena eu desenvolvi uma forte miopia, então o meu problema sempre me fez perceber o mundo de uma forma diferente. Há alguns anos, eu resolvi fazer a operação, mas durante esse processo eu tive muito medo de perder a visão. Nessa mesma época, eu conheci um instituto em Juiz de Fora que habilitava pessoas que iriam ficar cegas para sua nova vida. Me pareceu tão triste e corajoso ter que se preparar para a cegueira  e me tocou profundamente conhecer essa situação – principalmente no momento que eu estava vivendo. Por um outro lado, a casa onde filmamos é a casa da outra diretora, Cristina Maure, e é impossível desvincular o filme dessa informação. Os móveis, as roupas, a cachorrinha do filme, tudo pertence ao mundo da Cristina. Então, nós duas, com toda essa bagagem, criamos juntas o mundo de Lina, nossa personagem principal.

 

Como foi o processo de financiamento do projeto?

A vontade de fazer um novo curta nasceu também de vários prêmios em serviços que eu e Cristina Maure ganhamos por haver dirigido o nosso outro curta “Rio de Mulheres”. O próprio prêmio de mixagem no CTAv faz parte desse incentivo. Fora isso, inscrevemos o projeto na Lei Rouanet de incentivo à Cultura e, com isso, captamos algum dinheiro para cobrir os gastos de produção. O interessante é que captamos de pessoas físicas. Trinta e sete pessoas doaram 6% do imposto de renda para o projeto. Juntamos R$ 400,00 reais daqui, R$ 300,00 dali e aos poucos estamos conseguindo realizar o filme. Foi um trabalho muito bonito e quem nos ajudou nessa captação foi o realizador Afonso Nunes que entra nesse projeto como nosso produtor associado.

 

Diário do Não Ver

Você pretende inscrever o filme em festivais? Qual a importância dos festivais de cinema para a projeção dos curta-metragens?

“Diário do Não Ver” nasce da premiação de um festival: o prêmio em serviços que ganhamos no Goiânia Mostra Curtas foi o que fez o projeto do filme surgir. Os festivais de cinema são a principal janela dos curtas e vamos sim inscrever o filme em festivais. Esse será o nosso próximo passo, assim que o curta for finalizado. Entretanto, há outros canais que tornam o acesso ao filme possível como exibições em pontos de cultura e cineclubes.

 

Como foi o processo de mixagem no estúdio do CTAv?

O estúdio do CTAV foi totalmente reformado e está realmente impressionante em termos técnicos. Fora isso, o mixador, Alexandre Jardim do CTAV foi uma grande descoberta para o filme. Trouxemos de Belo Horizonte o editor de som do filme, Gustavo Fioravante, e ele e Alexandre fizeram uma dobradinha artística sensacional. O som do filme está realmente lindo.

 

Joana Oliveira, Gustavo Fioravante e o mixador Alexandre Jardim no estúdio do CTAv

 

Como o serviço de Mixagem do CTAv influencia a carreira do seu filme e os seus projetos futuros?

A boa mixagem, em um estúdio com perfeita acústica e bem equipado, potencializa em muito o trabalho de desenho do som. O CTAv nos possibilitou fazer a mixagem 5.1 e um estéreo de alta qualidade. Sem esse prêmio talvez não conseguíssemos alcançar um resultado tão potente para o som do filme. Esperamos que essa experiência sonora ajude o filme em sua carreira.

 

Como você vê os processos de distribuição e exibição do filme brasileiro?

O curta-metragem encontra caminhos diferentes que o longa-metragem. Como disse antes, acho que a principal janela para o curta são os festivais, mas outros canais de exibição têm me impressionado muito aqui no Brasil. O nosso último curta “Rio de Mulheres”, por exemplo, foi exibido em pontos de cultura, escolas, ONGs, cineclubes, canais de televisão locais e comunitários. E esses canais não páram de crescer.