O primeiro Cachaça Cinema Clube do ano acontece excepcionalmente em uma quinta-feira, dia 26 de janeiro, abrindo os trabalhos de um ano muito especial: o de comemoração de 10 anos do cineclube. A conexão é Rio-Bahia, e a baianidade chega no Cachaça em sua versão mais contestadora, homenageando mais uma vez o mais aguerrido dos cineastas brasileiros, Glauber Rocha. É dele o documentário Jorjamado no cinema, de 1977, retrato de outro baiano fundamental na cultura brasileira, neste ano em que se comemora o centenário de nascimento do escritor. No filme, um dos seus últimos trabalhos, Glauber acompanha o amigo Jorge Amado em casa e em alguns eventos sociais, e, glauberianamente, marca presença no filme tanto quanto o retratado. Exibição em formato original, cópia nova em 16mm. Iguaria imperdível.
Para acompanhar tal clássico do cinema, o cineclube apresenta dois outros filmes baianos, igualmente inventivos, questionadores e premiados. O sarcófago, de Daniel Lisboa, segue Jayme Figura, um personagem mítico de Salvador, um homem que faz do próprio corpo sua obra de arte. O artista é um exato oposto da malemolência baiana, acorrentado e atormentado pelo mundo que carrega nas costas. O cenário é o Pelourinho, mas a imagem é punk rock.
Nego fugido, de Cláudio Marques e Marília Hughes, é filme que transita entre a ficção e o documentário, explorando os limites dentre e entre cada um dos gêneros. O mote é simples e agradável: um casal de namorados, brancos e da capital, vai até uma cidade do interior documentar uma festa popular acerca da resistência negra à escravidão, já o resultado, complexo e perturbador. Dupla intensamente produtiva no novo cenário do cinema brasileiro, eles conseguem, em poucos minutos, apresentar uma série de questões centrais da cultura brasileira: as diferenças culturais, os abismos sociais, alteridade e preconceito.
Quinta-feira, dia 26 de janeiro, às 21h no Cinema Odeon Petrobras
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