Divulgação - Filme " Eu não quero voltar sozinho"

Formado em Audiovisual pela ECA-USP em 2006, Daniel Ribeiro rodou seu primeiro curta-metragem, “Café com Leite” em 2007. O filme estreou internacionalmente no Festival de Berlim e ganhou o Urso de Cristal de Melhor Curta Metragem. No mesmo ano, o diretor também foi um dos criadores do projeto Música de Bolso, que grava vídeos musicais em lugares inusitados e os disponibiliza no site do projeto, tendo, até hoje, mais de 340 vídeos gravados.

Em 2010 ele  rodou seu segundo curta metragem, chamado “Eu Não Quero Voltar Sozinho”, que ganhou 4 prêmios no Festival Paulínia de Cinema, além do prêmio de Melhor Curta Metragem de Ficção Brasileiro do Festival Gay de Cinema 2011.

Confira abaixo a entrevista que ele concedeu ao site do CTAv:

>>Em seu currículo como cineasta você já coleciona diversos prêmios e menções. Esse ano levou a categoria de Melhor Curta-Metragem Brasileiro no Festival Gay de Cinema. Como você recebeu mais essa vitória?

Daniel Ribeiro>> Foi muito bom receber este prêmio no Festival Gay do Rio, principalmente por ser um prêmio de público. O principal objetivo de um filme é conseguir a comunicação com o público e este tipo de prêmio nos dá um sinal de que esse diálogo foi alcançado.

>> Fale um pouco sobre o filme que o levou a conquista; sua idealização, sua produção, suas ambições com o projeto:

Daniel Ribeiro>> O meu projeto de conclusão de curso na ECA em 2006 era sobre os personagens homossexuais no cinema brasileiro. Os dois curtas são consequência desta pesquisa. O objetivo era a criação de histórias com personagens gays mas que o foco não fosse sobre a homossexualidade deles. O Eu Não Quero Voltar Sozinho, apesar de abordar a descoberta da sexualidade de um jovem cego, não pretendia colocar o fato do personagem ser gay como questão central da trama. A ideia era retratar a descoberta do primeiro amor de um adolescente deixando tanto a cegueira quanto a homossexualidade em segundo plano.

>>“Eu não quero voltar sozinho” é um filme extremante sutil e adornado de uma inocência evocada pela juventude, que aborda em si o tema “homossexualismo”. Você acredita que a discussão do assunto “homossexualidade” no cinema já se libertou ou ainda é um tabu?

Daniel Ribeiro>> O cinema é um dos meios em que a homossexualidade tem maior liberdade para ser retratada. Ao contrário dos programas de televisão, que tem a audiência e o gosto do público como parâmetros para sua produção, o cinema consegue ir além quando se pretende contar histórias menos tradicionais e com personagens que poderiam incomodar um público mais conservador. Enquanto, na televisão, a exibição do tal “beijo gay” é debatido à exaustão, no cinema encontramos inúmeras histórias que poderiam ser consideradas ousadas por retratarem dramas de personagens gays. De qualquer maneira, a sociedade ainda trata a questão da homossexualidade como tabu e poucas vezes esses dramas chegam a um grande público.

>> “Café com leite”(2007), o seu primeiro filme, também aborda a mesma temática. Quais as diferenças que você percebe em relação ao seu recente curta “Eu não quero voltar sozinho” e, em si mesmo, como diretor, ao passar desses quatro anos?

Daniel Ribeiro>> Por estar muito envolvido, acho muito difícil comparar os filmes, apesar de sentir claramente a diferença entre os dois.

>>O CTAV concede como apoio a festivais de curta-metragem prêmios como a primeira cópia do filme em 35mm, mixagem, empréstimo de equipamentos e transfer de forma a incentivar o profissional curta-metragista que não está inserido no mercado, além de realizar os mesmo serviços, também gratuitamente, em seleção feita por seu site. Como diretor, quais as dificuldades e incentivos que você mais identifica para a realização de curtas-metragens no Brasil?

Daniel Ribeiro>> A finalização certamente é a etapa mais difícil na produção de um curta porque chegamos nessa fase já quase sem verba e os custos são sempre muito altos. Por este motivo, os apoios que o CTAV dão são essenciais para que alguns filmes cheguem às telas da melhor forma possível.

>>Os interessados em conhecer seu trabalho, o mais recente “Eu não quero voltar sozinho” e, o anterior, “Café com leite”, poderão encontrá-los aonde?

Daniel Ribeiro>> Os dois estão disponíveis no YouTube.

>>Quais são seus projetos futuros?

Daniel Ribeiro>> Atualmente estou trabalhando no longa metragem baseado na mesma história do Eu Não Quero Voltar Sozinho.

>> Qual o conselho que você deixa aos curta-metragistas que estão começando?

Daniel Ribeiro>> Paciência! São inúmeras as dificuldades que temos quando estamos produzindo com tão pouco dinheiro e isso muitas vezes causa um certo desânimo. É importante lembrar que todas as nossas decisões ficam registradas pra sempre no filme e tudo aquilo que deixarmos de fazer, seja lá por qual motivo, pode se tornar arrependimento toda vez que o assistirmos. Seria triste ver o filme e pensar que poderia ter rodado um take a mais ou dedicado uma semana extra pra edição de som, por exemplo. Por isso acho necessário paciência e persistência para que você faça o filme do jeito que você imaginou.