Yuri Westermann, de 25 anos, é natural de Juiz de Fora (MG) e começou a assistir muitos filmes quando iniciou o curso de Ciências Sociais da UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora. Fez alguns trabalhos com roteiro, assistência de direção, de fotografia, maquinaria e atuação.
“Sobre Cinema e Diálogos” foi seu primeiro trabalho como diretor. Graças à premiação do júri popular no Festival Primeiro Plano, ganhou também uma bolsa para estudar na Escola de Cinema Darcy Ribeiro.
O filme retrata um ator purista de teatro que recusa a proposta de trabalhar no cinema por considerá-lo uma arte de terceira. Em meio a chiliques e estrelismos, este ator dialoga com o seu advogado as limitações e artificialismos do cinema.
“Sobre Cinema e Diálogos” foi contemplado com o Prêmio CTAv na edição de 2011 do Festival Primeiro Plano.
Como surgiu a ideia inicial para a realização do filme?
A idéia inicial surgiu a partir de uma disciplina que eu cursava na Faculdade de Artes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), durante minha graduação em Ciências Sociais. A disciplina se chamava Cinema e Diálogos e abordava a relação do cinema com outras formas de arte, como o teatro, a música, fotografia, etc. A proposta de trabalho final era a realização de mini-videos em grupo. Decidi aproveitar a oportunidade e tentar produzir um curta-metragem independente com alguns amigos. O nome da disciplina me remeteu ao filme Sobre Cafés e Cigarros do Jim Jarmusch, fiquei com o Sobre Cinema e Diálogos na cabeça e passei a pensar a partir daí.
O filme foi, de alguma forma, inspirado na sua própria experiência de vida?
Sim. Muito da ficção do filme é verdadeira e pessoal. Os personagens, os diálogos, as músicas e todas as referências dizem respeito à minha vida, aos amigos e ao cinema em si.
Como foi o processo de financiamento do projeto?
Não tivemos nenhum recurso, nem apoio e nem incentivo. O filme foi feito de modo independente se valendo somente de muita amizade. O roteiro foi elaborado e adaptado, desde o começo, para as nossas limitações financeiras e de equipamentos.
O filme foi premiado no Festival Primeiro Plano. Você já conhecia o festival antes da inscrição?
Sim. Sou de Juiz de Fora e conheço o festival Primeiro Plano já faz mais de cinco anos. Sempre acompanhei os longas e as mostras competitivas. Já vi ótimos filmes no festival, longas e curtas. Sempre quis exibir um filme meu, e, finalmente, consegui nessa última edição.
Como o prêmio CTAv influencia a carreira do seu filme e os seus projetos futuros?
Inicialmente não tínhamos nenhuma pretensão de ganhar o festival, queríamos só exibir, pra completar o ciclo da feitura à exibição para o público. Receber o prêmio foi ótimo, uma felicidade por sentir o reconhecimento de um trabalho feito de modo tão singelo. Pretendemos enviar o filme para outros festivais nesse ano de 2012 e o prêmio do CTAv obviamente dá um respaldo muito positivo; de certo modo, passa a ser uma credencial, para o filme em si e para os próximos projetos.
Como você vê os processos de distribuição e exibição do filme brasileiro?
Vejo de modo negativo e pessimista. Creio que a distribuição é um dos maiores problemas do cinema nacional, seja comercial ou independente. Na verdade, o independente nem se fala. Já o “cinemão” comercial parece querer ensaiar uma alteridade mas continua esmagado pela hegemonia das superproduções norte-americanas, que dominam as salas de cinema. Esses filmes, que já se pagam na estréia e se disseminam ao redor do mundo faturando milhões, continuam sufocando as produções locais. As leis de incentivo ajudam na produção, mas depois do filme pronto, enfrenta-se o gargalo para exibir e distribuir de modo eficaz.
Quais são os planos para o futuro do filme? Ele será lançado em DVD ou exibido na televisão?
Até o momento nada foi definido. Não tínhamos grandes pretensões com esse filme e portanto tudo ainda está recente. Vamos a princípio tentar percorrer mais festivais em 2012 e posteriormente pensar em como distribuir.