Vencedores do Prêmio CTAv para Melhor Curta Metragem Documentário na categoria Olhar Brasilis do Curta Santos 2011 com o filme “A Dama do Peixoto”, Allan Ribeiro e Douglas Soares falam sobre sua trajetória profissional, conceitos, ideias, trabalhos anteriores e seus futuros projetos. Confira a entrevista abaixo:
Vocês poderiam resumir suas trajetórias cinematográficas desde o início até os dias de hoje?
Allan Ribeiro: Eu comecei a estudar Cinema na UFF em 2000, desde então (já formado) dirigi um total de 9 curtas-metragens, que receberam mais de 70 prêmios e um deles, Ensaio de Cinema (2009), é o ponto de partida para a realização de meu primeiro longa-metragem, “Esse amor que nos consome”, um filme totalmente independente que começaremos a rodar agora, em outubro. Meu novo curta-metragem “Com Vista para o Céu” vai estrear em outubro no Curta Cinema – RJ e Janela Internacional de Cinema do Recife.
Douglas Soares: Eu cursei Cinema pela Escola Darcy Ribeiro e Design Gráfico pela Estácio de Sá. Isso foi em 2006 e desde então tenho trabalhado em muitos filmes. Em 2008 realizei meu primeiro curta como diretor, MINHA TIA, MEU PRIMO, um documentário que recebeu vários prêmios e participou de importantes festivais como: Brasília e Guarnicê. A Dama do Peixoto (2011) é meu 2º curta-metragem. No início de 2009 abri a produtora 3 Moinhos Produções, onde realizamos curtas, mostras de cinema e videoclipes. Também tenho trabalhado como assistente para grandes diretores, como Luelane Corrêa e Nelson Pereira dos Santos. Com o Nelson, acabei de realizar o longa “A Música Segundo Tom Jobim”, que teve sua estreia no New York Film Festival neste mês de outubro. Em janeiro de 2012 começo a rodar o documentário “Contos da Maré”, projeto contemplado pelo último edital de curtas da RioFilme.
Quando começou a parceria Douglas Soares-Allan Ribeiro e como funciona a dinâmica de trabalho entre vocês?
Allan: Começamos uma parceria em 2007, quando Douglas começou a trabalhar nos meus filmes
Douglas: Em 2008 escrevi o roteiro de Depois das Nove, junto com o Allan e, no ano seguinte, realizamos Ensaio de Cinema, onde fui montador e diretor assistente.
Allan: Já a co-direção em “A DAMA DO PEIXOTO” foi conseqüência dos debates constantes sobre o tema e a estrutura do filme, tornando o processo realmente uma parceria.
Para quem ainda não conhece, expliquem do que se trata seu novo documentário de curta-metragem “A Dama do Peixoto”.
Douglas: É um filme sobre aquela personagem que vemos diariamente e conhecemos muito pouco ou quase nada. Aquela pessoa que te desperta imensa curiosidade e nos faz pensar “de onde veio?”, “quem é ela?”, “Por que está aqui?”. Muito mais que responder a estas perguntas, o curta trabalha este imaginário. Elizete é uma mulher que frequenta a Praça do Bairro Peixoto e gera este mistério nos moradores do local. Nós queríamos trabalhar a personalidade dela através dos depoimentos destes “vizinhos” que com muita imaginação constroem uma verdade em que acreditam, mesmo quando não condiz com a realidade.
Nesse filme, a personagem principal não se enuncia, vamos montando um perfil dela através dos depoimentos em voice over e dos recortes do enquadramento da praça. Foi difícil na edição a seleção do material para chegar a esse conjunto final?
Allan: A primeira coisa que captamos foram os depoimentos. Foram dois dias de entrevistas com moradores aleatórios, que encontrávamos na praça e estavam disponíveis para falar sobre a personagem e o que a Praça representa em suas vidas. Com este material em mãos, partimos para uma pré edição, de onde saiu todo o roteiro de imagens. Sendo assim, o som foi extremamente importante na construção do filme.
Douglas: Tínhamos apenas duas horas de áudio, o que para alguns documentaristas é muito pouco. Mas isto foi resultado de um roteiro pensado, aliado à respostas criativas e precisas. Não sentimos falta de nada.
“A Dama do Peixoto” se passa em uma praça pública, ao ar livre, com o trânsito de pessoas. Conte-nos como foi trabalhar nesse tipo de set.
Douglas: A Praça é nossa vizinha. Passamos por ela quase todo dia, seja para trabalhar, seja para lazer. Conhecemos muito bem o espaço. Sentamos para pegar sol, fazemos compras na feira. É um espaço íntimo. Registramos as imagens no período de um dia e quase em ordem cronológica. A praça começou vazia e logo foi sendo preenchida por visitantes. É uma locação muito usada por novelas e outros filmes, o que faz com que os moradores já se sintam acostumados a filmagens.
Allan: Nossa equipe também era pequena. Apenas eu, Douglas, a fotógrafa Bia Marques, a assistente Luana Muller e o produtor Carlos Gomes. A câmera era a Canon 7D, muito pequena, então não chamávamos muita atenção.
Vocês já planejam algum novo projeto, independentemente ou em parceria?
Allan: Estou dirigindo o longa “Esse amor que nos consome”, em que mais uma vez o Douglas será o diretor assistente. Ele me acompanha nesta parte criativa e o convívio cotidiano facilita todo o processo,
Douglas: Em janeiro começarei as filmagens de CONTOS DA MARÉ, em que Allan será o montador e, como sempre, estará ao meu lado no set.
Onde os interessados poderão encontrar seus filmes agora que o Curta Santos acabou?
A Dama do Peixoto será exibido na Mostra de Direitos Humanos – America Latina, em todas as capitais do Brasil. Uma ótima oportunidade para assistir, junto com outros filmes importantes.
Outros festivais em que teremos exibições ainda este ano é o Curta Cinema, Amazonas Film Festival, Curta Canoa e Nóia-CE, onde Allan Ribeiro será homenageado.
Futuramente o curta será disponibilizado na internet para acesso de todos.