As atenções se voltam para o cinema em Florianópolis, a partir desta sexta, com o 14º
Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM2010, pela segunda vez sediado no Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina. O evento, de 11 a 18 de junho, é uma realização da Associação Cultural Panvision, com patrocínio da Petrobras, por meio da Lei Rouanet, e do Funcultural do governo do Estado de Santa Catarina, e apoio do Fundo Nacional de Cultura, Secretaria do Audiovisual, Ministério da Cultura, BRDE, Estúdios Mega, Estúdios Quanta, Kodak e Canal Brasil. São apoiadores institucionais as universidades UFSC e UDESC, e a Prefeitura de Florianópolis/Fundação Franklin Cascaes.
Há 14 edições consecutivas o FAM oferece ao público catarinense uma extensa programação de cinema com entrada franca e se consagrou como uma referência no debate das políticas do setor, discutidas no Fórum Audiovisual Mercosul. Este ano, além das mostras competitivas e do Extra-FAM, não-competitiva, serão exibidas quatro mostras convidadas e haverá uma série de eventos paralelos.
O principal destaque do festival, a Mostra de Longas Mercosul exibirá oito longa-metragens. As sessões serão sempre às 21 horas no Auditório Garapuvu, o palco principal, com 1.400 lugares. A mostra abre o FAM, dia 11, com a exibição de Cabeça a Prêmio, que marca a estreia do ator Marco Ricca na direção. Outras duas produções nacionais serão exibidas: Hotel Atlântico, de Susana Amaral, que teve cenas rodadas em Florianópolis, e Muamba, do catarinense Chico Faganello, vencedor do edital da Cinemateca Catarinense – Fundação Catarinense de Cultura em 2007. Dos outros cinco longa-metragens, três são argentinos: La mosca en la ceniza, de Gabriela David; La invención de la carne, de Santiago Loza; e Mentiras piedosas, de Diego Sabanés. Completam a lista o longa chileno Ilusiones ópticas, de Cristián Jiménez, e o uruguaio Mal dia para pescar, de Álvaro Brechner.
Este ano serão prestadas três homenagens especiais, aos 80 anos da produtora brasileira Cinédia, com a presença de Alice Gonzaga, diretora da companhia, a Esdras Rubim, criador do Festival de Gramado e primeiro presidente do Fórum dos Festivais, e ao Funcine, o Fundo Municipal de Cinema de Florianópolis, que receberá o Prêmio Gerlach de Reconhecimento ao Audiovisual Catarinense, oferecido pela Cinemateca Catarinense.
Ao todo, o festival exibe mais de 140 produções brasileiras, de 12 estados e Distrito Federal e da Argentina, Chile, Paraguai, Colômbia, Uruguai, Cuba e Espanha. São 182 horas de exibição. Esta edição teve o maior número de inscritos da história do FAM, 551 filmes, de 14 países.
Nas mostras competitivas, serão exibidas 28 produções na Mostra de Curtas Mercosul 35 mm, 36 na Mostra de Vídeos, 21 na Mostra Infanto-juvenil, e 16 na Extra-FAM, não-competitiva. Além dessas o festival também realiza mostras convidadas com reunindo filmes da Escola de Cinema de Cuba (EICTV), de alunos universitários de Santa Catarina, maiores sucessos da Cinédia e uma mostra paralela de filmes sobre futebol.
Eventos paralelos
Neste sábado, duas publicações fundamentais do cinema brasileiro vão ser apresentadas ao público do 14º Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM2010, uma edição especial da publicação Cadernos de Pesquisa, editada pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB), e o número 50 da revista Filme Cultura, do Centro Técnico Audiovisual (CTAv), da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura.
O evento começa às 17h30, na Sala Aroeira do Centro de Cultura e Eventos, com a presença de Myrna Brandão, presidente do CPCB e Carlos Augusto Brandão, diretor da
instituição, da pesquisadora do CTAv, Rosângela Sodré, e de Letícia Friedrich, produtora da Filme Cultura.
A primeira edição do Cadernos de Pesquisa foi publicada em 1984. Com o apoio da Embrafilme foram editados quatro números, hoje raridades, que traziam artigos fundamentais da pesquisa cinematográfica brasileira. Esta edição tem o patrocínio da Petrobras e incentivo do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet.
O CPCB está fazendo lançamentos em todas as regiões. No FAM será o terceiro. Já foram realizados no Sudoeste, na Universidade Federal Fluminense e no Centro-Oeste, na Universidade de Mato Grosso. “No Sul o lançamento é sempre realizado no FAM, nosso festival do coração” diz Myrna Brandão. “O lançamento deste número especial não constitui ainda uma retomada das edições periódicas, mas sim um primeiro esforço para que eles possam se tornar uma publicação com tiragem regular. A partir do sucesso que este está tendo pretendemos tentar patrocínio para retomar as edições periódicas”, complementa.
Myrna reforça que a revista representa um elo importante de comunicação entre quem estuda e se dedica pela pesquisa cinematográfica brasileira, e consequentemente pelo audiovisual e pela memória cultural do país. A publicação é gratuita, mas a distribuição será dirigida a estudantes e profissionais do audiovisual, universidades, escolas de cinema e centros culturais.
A edição reúne artigos dos pesquisadores João Luiz Vieira, Selda Vale da Costa, Luiz Carlos de Oliveira Borges, Solange Stecz, Antonio Jesus Pfeil, Djaldino Mota Moreno, Isadora Raquel Rupp, Marinete Pinheiro e Vladimir Carvalho. O crítico e pesquisador Carlos Alberto Mattos e a própria Myrna Brandão foram os responsáveis pela edição, revisada por Rosane Nicolau.
O número especial é dedicado à memória de José Tavares de Barros (1936-2009), um dos fundadores da CPCB e idealizador da publicação. Dele está sendo publicado um texto original de 1978 sobre o filme mineiro Tormenta, dirigido por Arthur Serra.
Retorno – A Filme Cultura foi a revista sobre cinema que circulou mais tempo no Brasil, entre 1966 e 1988, e em abril deste ano voltou a ser publicada. Além da edição do número 50 da revista, o projeto da retomada inclui o site www.filmecultura.org.br e o lançamento da coleção histórica em fac-símile e microfilmes, esta em convênio com a Biblioteca Nacional. O projeto foi viabilizado numa parceria entre o CTAv e o Instituto Herbert Levy, com patrocínio da Petrobras por meio da Lei Rouanet.
A publicação será trimestral e poderá ser adquirida em livrarias e na Funarte, no Rio. A revista também será distribuída gratuitamente a bibliotecas e instituições culturais de todo o país.
O número 50 tem apresentação do ex-secretário do Audiovisual do Minc, Silvio Da-Rin, e é dirigida por Gustavo Dahl. A seção “Cinema Brasileiro Agora” traz artigos e mesa-redonda sobre o estado atual do cinema na Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.
O conteúdo tem ensaios, críticas, resenhas de livros, perfil de personalidades da cultura cinematográfica brasileira e republicação de textos históricos Além do corpo de redatores fixos da revista, escrevem também críticos e pesquisadores de várias regiões do país.
A Filme Cultura começou a ser editada pelo Instituto Nacional do Cinema Educativo, depois pelo Instituto Nacional de Cinema, pela Embrafilme e pela Fundação do Cinema Brasileiro. O CTAv publicou em 2007 a edição especial nº 49, comemorativa dos 70 anos do INCE. Entre seus articulistas estavam Jean-Claude Bernardet, Ismail Xavier, Orlando Senna, Rogério Sganzerla e Jairo Ferreira.
No endereço www.filmecultura.org.br está disponível todo o conteúdo do número 50 e a coleção histórica completa em PDF.