O Prêmio CTAv conquistou espaço em diversos festivais de cinema nacionais e internacionais. A iniciativa faz parte da política de difusão do cinema brasileiro promovida pelo Centro Técnico Audiovisual. Os filmes das mostras principais destes eventos concorrem a serviços do CTAv, tais como: mixagem, empréstimo de equipamentos, cópia em 16mm e 35mm, latas de negativo, cópia legendada, utilização de moviola, transcrição magnética e telecinagem.

Um dos vencedores do Prêmio CTAv em 2008 foi o curta-metragem Trópico das Cabras, de Fernando Coimbra. O filme foi premiado no Festival Curta Santos como melhor filme e melhor direção e recebeu do CTAv negativos em 35mm. Trópico das Cabras já conquistou dezenas de prêmios e tem sido aclamado pelo público e pela crítica.

O curta é um Road Movie que narra a história de um casal que sai pela estrada para recuperar o relacionamento desgastado.

O CTAv conversou com Fernando Coimbra:

CTAv – De que maneira o Prêmio CTAv colabora para a difusão do cinema?

Fernando Coimbra – O prêmio do CTAv contribui não só para a difusão, mas para a produção e a manutenção da distribuição dos nossos filmes. Temos muito poucos recursos para a produção de curtas-metragens. Mesmo no caso de um filme feito com patrocínio de algum edital estatal, o dinheiro nunca é suficiente e iniciativas como essa do CTAv (além de toda a prestação de serviços que este centro oferece) são fundamentais para que consigamos realizar nossos projetos.

CTAv – Até que ponto o calendário dos festivais influencia o corte final do filme?
FC – Isso é uma coisa que varia de filme pra filme. Já finalizei filmes sem ter a pressão de estrear em nenhum festival, com toda a tranquilidade do mundo, mas também já finalizei filme com tempo contado para inscrever em um festival. O Trópico das Cabras tinha um cronograma desenhado para ser finalizado a tempo de ser enviado para o Festival de Brasília, onde ele estreou. Mas isso não influenciou no corte final, pois este foi fechado um mês antes do encerramento das inscrições. O que ficou condicionado ao prazo de inscrição foi o nosso cronograma que ficou apertadíssimo e não permitia brechas, atrasos ou até eventuais problemas.

CTAv – Quais as políticas da Secretaria do Audiovisual que vão ao encontro dos pequenos produtores ?

FC – Acredito que são principalmente os editais, que cresceram muito de uns anos pra cá. Nós sabemos que a captação de recursos através de lei de incentivo é uma coisa delicadíssima, e até mesmo uma distorção do que seria a utilização de dinheiro público pra esses fins, já que joga nas mãos de gerentes de marketing de empresas (privadas ou públicas) o poder de decisão sobre o que deve ou não ser produzido no país. Portanto, os editais de patrocínio direto ajudam a diminuir essa lacuna, utilizando critérios de valores culturais e artísticos para selecionar projetos a serem contemplados com dinheiro público. E o grande feito desta Secretaria tem sido a grande abrangência de áreas atendidas: animação (curta, série, desenvolvimento de projeto), curtas de ficção ou documentários, curtas infanto-juvenis, longas de baixo orçamento e um que é dos mais fundamentais: desenvolvimento de roteiros.

CTAv – Quais foram os principais cineastas que influenciram suas obras?

FC – As influências são muitas. Na verdade acredito que praticamente tudo que assistimos nos influenciam de alguma forma (por isso não assisto novelas de televisão.). Acho que a influência tem a ver, antes de tudo, com uma identificação com o trabalho daquele cineasta, com o universo que ele cria e trabalha. A lista seria imensa, mas vou tentar resumir em alguns mestres: Sergio Leone, Michelangelo Antonioni, Tsai Ming-Liang, Andrei Tarkovski, Pier Paolo Pasolini, OrsonWelles, Stanley Kubrick, Glauber Rocha, Júlio Bressane, Kenji Mizoguchi, John Cassavetes e Alfred Hitchcock. E ultimamente tenho me alimentado muito do cinema latino americano atual.

CTAv – Ganhar um prêmio facilita a realização de um novo projeto?

FC – Sim, pois um prêmio é sempre o reconhecimento do mérito de realização de um filme. É como se fosse um atestado de qualidade profissional que pode influenciar na decisão de um júri ou de um patrocinador, na hora de analisar um projeto e quem é seu proponente. E prêmios como esses do Curta Santos, ou do Goiânia Mostra Curtas, que ganhei, que além do troféu, nos oferece alguns serviços e equipamentos para um próximo filme, são fundamentais para que o sucesso de um filme impulsione diretamente a realização do próximo projeto.