Para viabilizar arquitetonicamente esse futuro centro de excelência, o CTAv conta com a criação do renomado arquiteto pernambucano Glauco Oliveira Campello. Glauco Campello, que deixou o Nordeste em 1956, já foi colaborador na construção de Brasília, a convite de Oscar Niemeyer; foi presidente do IPHAN no final da década de 90; e escritor do livro O Brilho da Simplicidade.
Glauco Campello conta um pouco de sua história ao CTAv:
CTAv_ O que o levou a cursar arquitetura?
G.C_ Meu interesse pelo desenho e pelas construções populares do nordeste.
CTAv_ É verdade que o Sr. deixou o estado de Pernambuco para participar da construção de Brasília? Em que fase profissional o Sr. estava na época?
G.C_ Em 1956 obtive minha transferência da Escola de Belas Artes da Universidade de Pernambuco para a Faculdade Nacional de Arquitetura no Rio. Meu interesse era estagiar no escritório de Oscar Niemeyer, o que também consegui. Foi então que surgiu Brasília. Em 1958, convidado pelo Oscar, transferi-me para lá em companhia do seu grupo de colaboradores.
CTAv_ Como o Sr. conheceu Oscar Niemeyer? O Sr. trabalhou com ele por quanto tempo?
G.C_ Conheci Niemeyer em 1957 quando me apresentei em seu escritório solicitando um estágio. Depois trabalhei com ele em muitas ocasiões diferentes: na construção de Brasília, na Universidade de Brasília, no desenvolvimento do projeto Mondadori em Milão, outra vez em Brasília, em projetos mais recentes, etc. Embora tenha criado o meu próprio escritório no Rio e tenha, em ocasiões diferentes, participado de funções públicas, nunca me afastei de Niemeyer e acompanho de perto, com atenção especial, o desenvolvimento de sua obra.
CTAv_ O Sr. sofreu influência da arquitetura orgânica, como a do americano Frank Lloyd Wright, o suíço Le Corbusier, entre outros?
G.C_ Além da obra de Niemeyer e de Le Corbusier sempre tive o maior interesse pela obra de Alvar Aalto, Mies Van Der Rohe e Luiz Barragan.
CTAv_ A maioria de seus projetos arquitetônicos foram vinculados ao governo?
G.C_ É. Raramente eu tive oportunidade de fazer projetos para a iniciativa privada. Deve ser incompatibilidade.
CTAv_ Como presidente do IPHAN, houve algum projeto arquitetônico de própria autoria executado no instituto? Qual ação que o Sr. implementou no Iphan que julga como significativa?
G.C _ Na minha gestão, como presidente, o Iphan obteve do governo do Distrito Federal a doação de um terreno para a construção de sua Sede. Fiz, com outros colegas de Brasília, a doação do projeto dessa nova Sede, que, no entanto, não foi construída. Uma pena, pois eu gosto muito desse projeto. Antes de ser presidente, como Diretor Regional, no Rio de Janeiro, coordenei o projeto e a obra de restauração do Paço Imperial. Minhas ações, desenvolvidas ao longo do período em que fui presidente do Iphan podem ser avaliadas na reunião que fiz de minhas palestras e pronunciamentos oficiais reunidos na publicação intitulada “a Serviço do Patrimônio”.
CTAv _ O Sr. participou do projeto arquitetônico do Museu Nacional, agora está participando do projeto arquitetônico do pavilhão Zeca Mauro. O Sr. já fez algum tipo de projeto no âmbito de acervo audiovisual?
G.C _ Não é um tema arquitetônico freqüente o de locais para guarda de acervo de audiovisuais. Mas eu já havia acompanhado como presidente e depois como técnico consultor do Iphan, o projeto para a Cinemateca de São Paulo.
CTAv _ Quais são as peculiaridades na construção de um acervo audiovisual?
G.C _ A construção de um local para guarda do acervo audiovisual, envolve, sobretudo problemas técnicos relacionados com a proteção e conservação de material delicado com os suportes para cinema e vídeo.
CTAv _ Existe uma diferença de dinâmica de espaço e material de construção em projetos em relação há 30 anos?
G.C _ Na construção. Sobretudo nas construções de exigências técnicas mais rigorosas, as soluções evoluíram muito em razão de novos materiais e novas tecnologias. No caso dos edifícios destinados às coleções de audiovisuais, podemos salientar os materiais de isolamento e os sistemas de refrigeração, além dos equipamentos de segurança.
CTAv _ Como foi a experiência de escrever um livro “O Brilho da Simplicidade”?
G.C _ O meu livro “O Brilho da Simplicidade” é produto de uma solicitação especial do Ministério da Cultura, que patrocinou a pesquisa para a sua execução. O meu prazer em realizá-lo foi muito grande porque me deu oportunidade de estudar a arquitetura dos franciscanos e Jesuítas pelas quais tenho um interesse especial.